quarta-feira, 28 de abril de 2010

A Cultura do Medo

Medo:
do dicionário - receio, terror, susto.


O medo ronda a cabeça do homem desde os tempos primitivos. Medo das doenças, dos animais selvagens, da fome, da morte. Para se livrar de tais sortilégios era comum serem oferecidos aos Deuses sacrifícios que deixariam satisfeitas as entidades divinas e por esta razão não haveria razão para se sentir medo.


Mas o início da era cristã acabou com essa facilidade de comunicação entre homens e deuses. O medo passou a ser um importante argumento para levar um homem à religião.
Os cristãos inventaram  uma batalha cósmica entre o Bem (cristãos) e o Mal (judeus e romanos), atribuindo a estes últimos o facho da discórdia e a necessidade de vencê-los tanto na liturgia quanto nos momentos bélicos.


Daí a criação desde ser de muitos nomes e características que têm por finalidade amedrontar as pessoas que não se dizem fiéis à igreja.


A imagem do Diabo é bem interessante, ela foi elaborada à partir de várias imagens de deuses pagãos, ( não especificamente ligados à maldade) justamente para que este povo relacionasse tal demônio aos deuses que eram adorados na época medieval. Foi do Deus grego , dotado de chifres, rabo, cascos, orelhas e parte inferior do corpo peluda que se extraiu as principais imagens de Satã.


Para os cristãos era muito importante associar Satã ao mundo pagão, impuro e de adoração do mal, porque eles eram perseguidos e somente com a mudança de crença a religião se manteria viva. Não são poucos os casos em que o cristianismo demonizou seus concorrentes no campo religioso deixando claro a artimanha da igreja interagindo e esperando a ruína das outras religiões, usando uma entidade apavorante que representa toda a maldade, todos os vícios,  os pecados e os sofrimentos do mundo, para controlar os diversos povos que viviam dentro do decaído império Romano.


É interessante observar que no Velho Testamento não existe o conceito do mal de forma personificada, o deus do velho testamento não competia com ninguém, ele era autor de todas as coisas e Javé era responsável pelo mal. A partir do novo testamento houve a necessidade de se incorporar um ser maligno, ja que o Deus do novo testamento não inspira tanto temor quanto o do antigo.


Enquanto no velho testamento você deveria temer a Deus, no novo não é necessário ter medo porque Deus só faz as coisas boas e é o Diabo que assume todas as maldades e catástrofes do mundo. Essa visão dualista de poder ajudou a consolidar o papel e  a importância de cada Deus perante o povo pagão. A perfeição de Cristo era tão exaltada, que necessitava de um complemento psíquico para equilibrar a relação. Sendo assim, o poder do Diabo, do “Mal”, aumentou na mesma proporção em que o poder de Deus e do “Bem” cresceram.


Por isso o Diabo é tão importante e sem ele, Deus não teria tantos seguidores fiéis.  A crença em Deus é alimentada pelo temor nas forças das trevas, o que explica por que o Diabo passou a ser visto em Hereges (dissidentes de fé diversa), bruxas, cientistas, judeus (por receberem a culpa da prisão e condenação de Cristo, e por negarem que este seria o "Messias" anunciado no velho testamento, os judeus sempre foram perseguidos e associados ao Diabo) e, mais tarde, ciganos.


Graças a figura do Diabo a humanidade permitiu a Inquisição, o exorcismo, o banimento judeu, o desaparecimento de várias religes e deuses pagãos, a violência contra não cristãos(especialmente os habitantes das Américas), a morte de animais considerados diabólicos.


O Diabo triunfou na cultura ocidental.

Nenhum comentário:

Postar um comentário