quinta-feira, 15 de abril de 2010

Admirável mundo novo

Quando li este livro, fiquei tão chocada, tão boca aberta, tão embasbacada, que por um tempão analisava as "mensagens entre linhas" de Aldous Huxley.

O pré condicionamento biológico e psicológico do livro me afetou de tal maneira que simplesmente acredito ser perfeitamente possível que isso aconteça em breve.
Me vi refletindo sobre a condição humana e todo o “progresso” que a humanidade conquistou desde a Revolução Industrial até ontem a tarde.

Será que existe um limite para o desenvolvimento humano?
O que é cientificamente possível?
O que é viável?
O que é ético?

Até que ponto vc é senhor de si, em desfavor da sociedade?

No mundo novo de Huxley o primeiro a ser excluído é Deus. BRILHANTE.
Porque no mundo antigo muitos morreram por ele, portanto o mundo seria menos violente se deus simplesmente não existisse. No livro deu certo e no nosso também daria, só é preciso alguma determinação e um bom controle da população. Ponto para Huxley.

Controlar a sociedade é extremamente importante, condicionando a mente da população desde a concepção, evita-se a desordem e o questionamento das ações dos governantes. Isso é perfeitamente possível com a televisão no nosso mundinho, mas no livro é usada uma droga sintética "Soma". Ponto para Huxley

Agora imagina uma civilização de excessiva ordem.
No mundo novo não existe família. Os homens são gerados por um sistema de controle genético (predestinação), que condiciona a sua mente, que te domina e te afasta de qualquer pensamento revolucionário.

Não existe questionamentos ou dúvidas, nem conflitos, pois seus desejos e ansiedades são controlados quimicamente. Não existe liberdade de escolha.

Vc não escolhe a música que vai ouvir, o filme que vai ver, o esporte que vai praticar, a profissão que vai exercer, onde vai viver - tudo isso já foi decidido por alguém.

Quando Huxley profetizou no livro a superpopulação, a super-organização, à impessoalidade; e as várias formas de condicionamento humano, e em tão pouco tempo tudo isso se tornou real (lembrando que o livro foi escrito na década de 30), fico me questionando até quando a sociedade vai evitar esse modelo de sobrevida.

O futuro se torna aterrador.
Além da falta de alimentos e escassez de recursos naturais o autor preocupava-se com a desumanização que poderia transformar a humanidade em massa passiva nas mãos de “ditadores” e “ditaduras totalitárias”, uma afronta, para ele, aos regimes democráticos. Desculpa Huxley, mas isso aconteceu muito rápido e tão perfeitamente... vide Cuba, Venezuela, China etc.

Sinceramente acho possível o meu mundo se tornar o admirável mundo novo. Acho possível o controle da natalidade, o controle da fome, o controle de filosofias autoritárias, a divisão social em castas (as pessoas logo se acostumam e se conformam), o esquecimento dos valores atuais, em prol de uma sociedade melhor, menos violenta, mais equilibrada e até mais saudável.

Mas para isso, nós abririamos mão do livre pensar e para uma sociedade que está acostumada a pensar seria uma tortura não fazê-lo. A maioria das pessoas já não pensam sozinhas, isso é um excelente começo para o mundo novo.
O ser humano não é completamente sociável, muitos ainda trazem consigo conceitos primitivos de convivência em grupo. O ser humano é indiferente aos problemas não relacionados a sí mesmo, não se importa com questões que estão fora da sua responsabilidade, não se educa para culpar os outros dos seus fracassos.

E a comunicação entre nós, não se baseia em verdade ou mentira, mas sim no irreal. E isso já acontecia na época em que o livro foi escrito, pois nele encontramos a seguinte mensagem “as distrações ininterruptas da mais fascinante natureza são deliberadamente usadas como instrumentos de governo, com o objetivo de impedirem o povo de prestar demasiada atenção às realidades da situação social e política”.

Não paro de me questionar - "E o futuro?"
O futuro será o fim da nossa espécie. Estamos caminhando para isso. Mas Darwin já tinha avisado que seria assim. Menos mal.

* 1984 de George Orwell e Laranja Mecânica de Anthony Burguess
são igualmente chocantes e versam sobre o mesmo tema

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