quinta-feira, 15 de julho de 2010

Soledad Barret Viedma

8 de janeiro de 1973, Brasil, Recife, ditadura militar.

Soledad Barret Viedma era militante da VPR – Vanguarda Popular Revolucionária e estava grávida de 5 meses. O pai da criança assassinada ainda em seu ventre era o controverso Cabo Anselmo: o delator de seu esconderijo em uma chácara no loteamento de São Bento, no município de Paulista, em Pernambuco.

Na verdade existem versões diferentes ao fato.
Uma versão diz que Soledad foi raptada na loja de roupas onde trabalhava no bairro da Boa Viagem, no Recife, foi torturada até a morte e seu corpo e os de outros 5 militantes foram encontrados em uma  Chácara na Grande Recife.

A versão "oficial" da equipe do delegado Sérgio Fleury, conta que José Manoel da Silva teria sido preso e conduzido os policiais até o local onde se realizava um suposto congresso da VPR, sendo morto pelos próprios companheiros durante a invasão. No tiroteio travado, teria conseguido escapar Evaldo Luís Ferreira de Souza que, no dia seguinte, foi localizado no município de Olinda, numa localidade chamada “Chã de Mirueira” – Jatobá, e ao resistir à prisão, teria sido morto. Segundo ainda a nota, só Jarbas Pereira Marques teria morrido no local, sendo que os outros morreram, em conseqüência dos ferimentos recebidos.


O episódio, conhecido como o "massacre da Granja São Bento", nunca foi esclarecido.


Num tempo em que muitos eram os preseguidos políticos Soledad foi apenas mais uma vitima. Era paraguaia de nascimento, mas viveu escondida na Argentina, no Uruguai e no Brasil.
Ela queria mudar o mundo e lutaria por isso. O mundo livre que conhecemos deve a estes anônimos tamanha liberdade.
Cuba é prova do perigo de regimes ditatoriais.

Outros tantos assim como Soledad, foram brutalmente assassinados, sem qualquer julgamento e com requintes de crueldade.


*Cabo Anselmo foi um dos estopins da revolução de 1964 ao ter sido líder do protesto dos marinheiros. O então ministro de João Goulart prendeu todos os integrantes do motim mas o presidente destituiu o ministro e anistiou os revoltosos. Com a instalação da ditadura, Anselmo, que na realidade era soldado e não cabo, fugiu do Brasil, esteve no Uruguai, foi para Cuba aprender táticas militares e retornou na clandestinidade. Em 1970 foi preso pelo mesmo delegado Fleury e, para preservar sua vida, tornou-se agente duplo, atuando ao lado da guerrilha e fornecendo informações à ditadura, o que causou o assassinato de vários companheiros. Chegou a solicitar reconhecimento como vítima da repressão e solicitou aposentadoria com base em sua patente na Marinha Brasileira e pretende ser indenizado pelo Ministério da Justiça, por se considerar perseguido político.