quarta-feira, 12 de maio de 2010

Katyn

No dia 1º de setembro de 1939 a Alemanha nazista invadiu a Polônia. No dia 17 de setembro de 1939 a Rússia invadiu a Polônia...pelo leste.

O Exército Soviético rapidamente avançou ao território polonês e encontrou pouca resistência por parte dos militares locais. Dois ataques em questão de poucos dias e a Polônia ruiu em sangue.


Stalin odiava o exército polonês e talvez o plano para o massacre dos oficiais tenha partido do acordo secreto estabelecido entre Hitler e Stalin ("Pacto Molotov-Ribbentrop", assinado no Kremlin em agosto de 1939), que se destinava a dividir a Europa em duas esferas de influência. Neste acordo, os russos ficaram com o Leste da Polônia, Letônia, Estônia, Finlândia e Bessarábia, na Romênia, enquanto os alemães se apossariam da Lituânia e da estreita (mas extensa) faixa de terra conhecida como o "Corredor Polonês", necessária à logística Nazi para fazer eclodir a 2ª Guerra Mundial.

Entre 250 mil a 454.700 soldados,  policiais, agentes penitenciários e até intelectuais poloneses foram presos. Desses, cerca de 250 mil foram libertados e 125 mil foram encaminhados a polícia secreta soviética, o NKVD(mais tarde KGB). O NKVD, libertou 42.400 soldados, que só foram porque eram de etnia ucraniana e bielorussa que estavam a serviço do Exércio Polonês. Já os 43 mil soldados detidos a oeste da Polônia eram prisioneiros do Exército Alemão.

Os oficiais presos foram interrogados e distribuidos em vários campos de prisão espalhados pela linha ferréa  a caminho do Oeste da Rússia. Ficaram nesta situação até 05 de março de 1940, quando veio a ordem do próprio Stalin para num só golpe decidiu liquidar o corpo de oficiais polacos que capturara em 1939 e com um tiro na nuca, despachou-os. Quandos os alemães decobriram as valas comuns, Moscou atribuiu-lhes a autoria da limpeza, coisa em que ninguém acreditou, dados os “métodos expeditos” que o NKVD utilizava contra a própria população.



O número de mortos não é exato, mas acredita-se que entre 22 e 27 mil pessoas foram cruelmente assassinadas. Os corpos foram simplesmente abandonados na floresta de Katyn.



Tudo isso ficou em segredo. Os russos ainda não reconheceram oficialmente o crime cometido em Katyn como um massacre. Primeiro, o regime soviético atribuiu as mortes aos nazistas. Depois da queda do comunismo, Mikhail Gorbachev e Boris Yeltsin abriram os arquivos do caso e a Rússia assumiu a responsabilidade. Mas ainda há um impasse sobre a "descrição legal do crime". O premiêr Putin disse que se tratava de "crime político" por exemplo.

Ninguém foi julgado ou condenado por este massacre.


* Depois do massacre, num relatório destinado ao chefe da NKVD, o sanguinário agente Bloktin assinalou que, junto a dois outros asseclas, equipou uma cabana com paredes à prova de som, em Ostachkov, e estabeleceu a cota de 250 fuzilamentos por noite.
Sobre o assassinato em massa, o agente relata: "Usei um avental de couro e gorro de açougueiro, matando, em 28 noites, 7 mil oficiais, portando uma pistola Walther alemã para evitar identificações futuras. Os corpos foram enterrados em vários lugares, mas 4500 do campo de Kozelsk foram sepultados na floresta de Katyn".

** Em 2007, o diretor polonês Andrzej Wajda, cujo pai foi assassinado enquanto preso em Kharkov pela NKVD, rodou um filme sobre o evento, que reconta a história de algumas mulheres (mães, esposas e filhas) de alguns prisioneiros que morreram no massacre. O filme, chamado apenas Katyn tem seu roteiro baseado no livro póstumo de Andrzej Mularczyk A história de Katyn, em tradução livre. O filme foi indicado em 2008 para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário