sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Manoel Fiel Filho

Em 1976 a luta armada brasileira contra a Ditadura já havia sido derrotada. Entretanto o governo militar surpreendentemente elaborou e executou mais alguns massacres contra os civis brasileiros.

Entre os assassinados estava Manoel Fiel Filho. Operário, casado, tinha filhos. Foi preso no dia 16 de janeiro de 1976, às 12:00 h, na fabrica onde trabalhava Metal Arte, por dois homens que se diziam agentes do DOI-CODI/SP, sob a acusação de pertencer ao (PCB).


Manoel foi levado para a sede do DOI/CODI, foi torturado e, no dia seguinte, acareado com Sebastião de Almeida, preso sob a mesma acusação. Posteriormente, os órgãos de segurança emitiram nota oficial afirmando que Manoel havia se enforcado em sua cela com as próprias meias, naquele mesmo dia 17, por volta das 13 horas.

Mas os amigos de Fiel Filho tinham outra versão do ocorrido " Manoel Fiel, no dia 16 de Janeiro de 1976, havia sido detido ilegalmente às 12:00h por dois policiais que se diziam funcionários da Prefeitura, na fábrica onde trabalhava, a Metal Arte. Puseram-no num carro, foram até sua casa que foi vasculhada por eles. Nada encontraram que pudesse incriminar Fiel Filho.
Diante de sua mulher – Tereza de Lourdes Martins Fiel – levaram-no para o DOI-Codi do II Exército, afirmando que ele voltaria no dia seguinte. Mas ele não voltou.
No dia seguinte, um sábado, às 22:00h, um desconhecido, dirigindo um Dodge Dart, parou em frente à casa do operário e, diante de sua mulher, suas duas filhas e alguns parentes, disse secamente: ‘O Manoel suicidou-se. Aqui estão suas roupas.’ Em seguida, jogou na calçada um saco de lixo azul com as roupas do operário morto".

Ainda, segundo os depoimentos dos companheiros de fábrica de Manoel, onde ele foi preso, o calçado que ele usava eram chinelos, sem meias, contrariando a versão oficial. As circunstâncias da sua morte são idênticas as de José Ferreira de Almeida, Pedro Jerônimo de Souza e Wladimir Herzog, ocorridas no ano anterior. O corpo apresentava sinais evidentes de torturas, em especial hematomas generalizados, principalmente na região da testa, pulsos e pescoço.

Após o assassinato de Manoel Fiel o Gen. Ednardo D’Ávila Melo, foi afastado do seu cargo após três dias da divulgação da sua morte.

Em ação judicial movida pela família, a União foi responsabilizada pela tortura e assassinato de Fiel Filho, entretanto ninguém foi julgado ou punido por este crime.
 
Em documento confidencial encontrado nos arquivos do antigo DOPS/SP seu crime era receber o jornal Voz Operária de Sebastião de Almeida.

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